sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Fórum das Licenciaturas



 
O reitor Carlos Luciano Sant’Ana Vargas antecipou homenagem aos professores, por ocasião do Dia do Professor (15 de outubro), na abertura do Fórum das Licenciaturas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), nesta terça-feira (7), no Cine Ópera. Em sua sétima edição, com o tema ‘Gente que faz a escola’, o fórum se consolida como espaço de discussão sobre a formação de professores, oportunizando aos alunos das licenciaturas a reflexão sobre as práticas escolares, por meio de palestras, mesas redondas, exposição de painéis e relatos de experiência.
Na sua homenagem, Luciano Vargas pediu permissão para centrar sua fala em um único professor que, segundo ele, se coloca a frente de seu tempo, como uma pessoa que faz educação; colega de curso no Departamento de Engenharia Civil e instâncias administrativas; que cativa e gosta de ser cativada; professora, amiga, de gênio forte e intolerante com os alunos faltosos. A homenagem se dirige à professora Olinda Thomé Chamma, coordenadora do Fórum das Licenciaturas. Chamando a atenção para o tema do fórum (Gente que faz a escola) e o ambiente propício à homenagem aos docentes, disse que a professora Olinda deve ser espelho de dedicação para os novos professores e profissionais. “Certamente teremos melhores engenheiros e professores para a nossa sociedade”.
Em seu primeiro evento na Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), como pró-reitor, o professor Miguel Archanjo de Freitas Júnior, se referiu à responsabilidade de conduzir um órgão marcado pelas realizações do seu antecessor (professora Graciete Tozetto Góes). Nesse sentido, destacou a realização do Fórum das Licenciaturas, que tem a proposta de debater a formação docente a partir da realidade da escola básica. Dentro desse objetivo, segundo ele, o fórum traz para sua programação pessoas que estão na escola, desenvolvendo experiências concretas, além dos discursos e teses acadêmicas. “A troca de experiências é a essência desse fórum”, disse.
Após a apresentação da Banda Escola Lyra dos Campos, regida pelo maestro Juliano Amaral, a programação do fórum trouxe o painel de abertura, com o tema “A educação para a convivência no espaço escolar”, exposto pelo professor Nei Alberto Salles Filho (UEPG) e as convidadas Zeneide Aparecida Inglês e Giovana Vieira da Rosa, diretora e pedagoga do Colégio Estadual 31 de Março. Nei Alberto falou sobre o Núcleo de Estudos Formação de Professores em Educação Para a Paz e Convivências (NEP/UEPG), que desenvolve ações com professores e escolas, disseminando aspectos conceituais e metodológicos da Educação para a Paz. Os objetivos da iniciativa são a informação, discussão, análise e proposição de ações relacionadas às convivências escolares, observando a Educação para a Paz como um elemento articulador nesse processo.
As professoras Zeneide Aparecida Inglês e Giovana Vieira da Rosa apresentaram o Projeto “Blitz da Paz”, que trabalha na perspectiva da melhoria da convivência escolar e familiar. Na sua exposição, evidenciaram o valor do trabalho com valores positivos no ambiente escolar; a construção de uma caminhada possível na escola, o gerenciamento de conflitos e a busca contínua do aprimoramento das vivências e convivências escolares. Após foi aberto espaço para debates, com a participação dos alunos das licenciaturas em Ciências Biológicas, Educação Física, Física, Geografia, História, Química, alunos PDE, alunos EaD e convidados.
A noite de abertura registrou ainda a participação dos alunos do curso de Artes, João Marcos (piano) e Paulo Moura (vocal e violão).
Mais informações sobre o Fórum das Licenciaturas em uepg.vwi.com.br/
 

Iniciativas em sala de aula: Professor une suas duas paixões, o rock e a física, em suas aulas

Black Sabbath, Queen, Byrds, Yes e até Mutantes e Novos Baianos servem como material pedagógico em aulas de astronomia e física moderna

Black Sabbath, Queen, Byrds, Yes e até Mutantes e Novos Baianos servem como material pedagógico em aulas de astronomia e física moderna


Em 1969, o inglês David Bowie surgiu no cenário musical com a odisseia do major Tom, um astronauta que dizia que "a Terra é azul, e não há muito que eu possa fazer". Mais de 40 anos depois, a canção é apresentada em sala de aula, pelo professor de física Emerson Gomes, no 3º ano do Ensino Médio do colégio E.E. Dr. Gaspar Ricardo Junior, em Iperó, interior de São Paulo
Aliás, não só Bowie. Black Sabbath, Queen, Byrds, Yes e até Mutantes e Novos Baianos servem não apenas para mostrar um novo universo cultural aos estudantes, mas, principalmente, como material pedagógico em aulas de astronomia e física moderna.
"O estudante não precisa apenas se preparar para o vestibular. A grade curricular do 3º ano me permite utilizar o rock como material paradidático", afirmou o professor. "Bowie e sua música Space Oddity trata a corrida especial com um tom crítico e de sarcasmo. Outras canções como Astronomy Domine, do Pink Floyd, descrevem corpos celestes", completou.


Emerson Gomes usa rock para ensinar física a seus alunos do ensino médio

Desta maneira, o professor Gomes consegue misturar em sala de aula suas duas paixões: o rock e a física. A ideia começou com uma pesquisa, que acabou se tornando seu projeto de doutorado, atualmente em andamento na Universidade de São Paulo (USP).
O professor pesquisa como trabalhar com diferentes produtos culturais em sala de aula. No mestrado, Gomes usou a literatura. Mas, sua relação com o rock é antiga. O professor teve banda na adolescência e adora heavy metal. Isso o levou a estudar a relação entre o rock e a astronomia, e como aplicar isso para os alunos do ensino médio.
"Eu levo a canção e a letra para que eles acompanhem. Muitos estranham o som, já que a maioria está acostumada com funk e sertanejo universitário. O estranhamento funciona bem para a didática. O aluno fica incomodado com aquilo e acaba se interessando mais. A curiosidade aguça o conhecimento", explicou.
Claro que o professor não utiliza o rock em todas as aulas. No ano inteiro, ele faz três atividades com música. E todas elas fazem muito sucesso. Como parte de sua pesquisa de doutorado, seu projeto deve chegar a escolas de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo.
"Principalmente quem não é muito fã de exatas acaba gostando mais. Os alunos simulam air guitar e querem conhecer mais da matéria e das bandas", contou.
Em sua tese, o professor se inspira na teoria sociocultural desenvolvida pelo pedagogo francês Georges Snyders, que considera que a música aproxima os alunos do conhecimento científico.
"O rock faz um discurso crítico da sociedade e é importante o aluno fazer, na escola, uma análise crítica do mundo. O estudante tem de ter um espaço para dialogar, para sair um pouco daquele ensino hermético do passado. E é isso que eu tento proporcionar", explicou.

Paraná

O professor de história Ramon Dimbarre, de Ponta Grossa, no Paraná, também acredita que o rock pode ser utilizado como material paradidático em sala de aula. Seu projeto de graduação foi sobre o heavy metal.
"O heavy metal pode, por exemplo, ajudar o aluno a entender as mudanças ocorridas na Inglaterra na década de 1970. O Black Sabbath em suas canções mostram a insatisfação da sociedade", explicou.
No entanto, ao contrário de seu colega paulista, Dimbarre ainda não conseguiu levar seu projeto de pesquisa para a prática. Após ter se formado, o professor não conseguiu emprego como professor.
"Consegui levar o heavy metal para a sala de aula quando eu era estagiário. Meu sonho agora é colocar meu projeto em prática. Os colégios, principalmente os mais tradicionais, ainda têm muito preconceito com as tribos urbanas como os headbangers ou os punks. Quero acabar com isso", contou.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A educação e a formação dos valores

A educação empreendedora tem por base valores morais, que devem permear todas as atividades e atitudes em sala de aula, tanto dos alunos quanto dos professores.
Um dos elementos que distinguem uma educação de qualidade, de excelência  e que realmente resulte duradoura e positiva para nossos educandos são as práticas de valores. Estes não se referem a ideias ou conceitos. Muitas vezes o professor, na melhor das intenções, confunde o princípio de valores com a prática de apresentar conceitualmente para os alunos o que é a fraternidade, a justiça ou a diversidade, porém essa é a parte visível do ensino de valores.

 Aprendemos valores quando os vivenciamos, assim percebemos que, efetivamente, praticamos esses conceitos nas escolas.
O que são valores, então? Valores são uma espécie de bússola interior, ou um eixo norteador, que nos aproxima ou nos afasta de pessoas, experiências e atitudes, percebidas como positivas ou negativas, de acordo com o critério de avaliação do que seja importante para nós. É o valor da justiça que nos afasta de um comportamento inadequado - ao descontar na nota de uma prova um comportamento não adequado de um aluno em sala de aula, por exemplo -, assim como é o valor da fraternidade que nos faz nos aproximar de um aluno que percebemos muito calado em sala de aula, demonstrando um genuíno interesse por ele.

António Damásio, em seu livro "E o Cérebro Criou o Homem", mostra que o cérebro precisa perceber que um conceito, um conhecimento ou um dado são realmente significativos para que recrute e direcione neurônios e perceba que aquele conhecimento é importante. Então, somos movidos de acordo com o neurologista, por um valor biológico, ou seja, se biologicamente nosso corpo não sente que determinado conhecimento é realmente importante, o aprendizado não é fixado de modo profundo. Por isso, muitas vezes o ensino de valores acaba não tendo uma efetividade.

Os valores são importantes para o professor, pois o definem como pessoa e o ajudam a perceber como lidar com os alunos, os colegas, a instituição, na sociedade e até na vida pessoal.
Eles também são relevantes para que o professor perceba qual é a importância e o valor que está imprimindo em sua matéria. Se o educador não mostrar que aquela matéria é importante e significativa para os alunos, dificilmente o cérebro deles vai incorporar esse conhecimento.

E, finalmente, o valor se mostra relevante quando o professor valoriza o aluno, quando cuida, respeita, age de maneira zelosa e com consideração. E, assim, fundamentalmente, o valor se mostra ainda mais profundo quando o professor valoriza a vida, o respeito, a natureza e a aplicação daquilo que foi ensinado para melhoria da sociedade como um todo.


Leo Fraiman- psicoterapeuta, escritor e palestrante.